História de vida e dedicação: o legado de Jorge Arcanjo da Silva, um nordestino que fincou raízes em Brasiléia

Em meio às tantas histórias que moldam o município de Brasiléia, uma merece ser contada com destaque: a trajetória de Jorge Arcanjo da Silva, um nordestino do interior de Alagoas que escolheu essa terra acreana para viver, criar sua família e repousar em paz.

Jorge deixou sua cidade natal ainda jovem, partindo para São Paulo em busca de dias melhores. Lá se profissionalizou em obras pesadas, enfrentando rotinas duras que o obrigavam a descer em buracos profundos para serviços de perfuração. Por isso, ganhou o apelido irreverente de “Paca de Rabo”, que o acompanharia por toda a vida, nome pelo qual era mais conhecido do que o próprio nome de batismo.

Sua trajetória ganhou novos contornos quando passou a atuar em empresas de terraplanagem. Foi nesse caminho que surgiu a oportunidade de vir ao Acre, ainda no final dos anos 1960, quando a região era praticamente desconhecida para muitos. Desbravador, não hesitou em aceitar o desafio. Em Rio Branco, conheceu o grande amor de sua vida: Rosenilda Barbosa Guerra, a quem chamava de Belô. Com ela, formou uma família e teve cinco filhos, consolidando suas raízes em solo acreano.

Com o passar dos anos, Jorge fixou residência em Brasiléia, onde viveu por quase quatro décadas. Durante o governo do então prefeito Messias Ribeiro, assumiu o cargo de chefe da garagem municipal. Ao perceber a desorganização no controle de veículos e máquinas — que eram levados para as casas dos funcionários, idealizou e executou a construção da primeira garagem pública do município. Essa iniciativa não apenas organizou o setor, como também marcou seu compromisso com a cidade.

Além disso, esteve à frente de obras importantes, como o início da abertura do ramal da Eletra, dentre outros trabalhos de infraestrutura que deixaram sua marca no município.

Apesar de toda sua contribuição, Jorge Arcanjo da Silva nunca recebeu oficialmente o título de cidadão brasilense, uma homenagem que desejava em vida. Mesmo com conversas junto a vereadores da época, a honraria nunca foi entregue, sob justificativa de que “havia prioridades”. Mas sua família, especialmente seu filho, hoje se encarrega de eternizar seu legado:

“Não quero causar atritos, porque sei que muitas pessoas também merecem ser homenageadas nesta cidade. Mas eu vou homenagear meu pai. Ele é um cidadão brasileense, apesar de não ter nascido aqui, assim como eu e como toda minha família, que provavelmente será enterrada aqui, assim como ele foi. Ele merece ser lembrado.”

Homenagem a Jorge Arcanjo da Silva — o eterno “Paca de Rabo”

Nesta terra vermelha, onde o sol aquece os sonhos e o verde abraça os corajosos, repousa um homem que, vindo do sertão alagoano, escolheu o coração do Acre para escrever sua história. Jorge Arcanjo da Silva não apenas viveu em Brasiléia, ele a ajudou a crescer, com mãos calejadas, coragem de sobra e um amor silencioso, porém profundo, por esta cidade.

Homem de obra, de luta, de visão. Homem de palavra e de ação. Com seu jeito simples e olhar firme, ergueu mais do que estruturas físicas: ergueu respeito, laços, família e pertencimento. O “Paca de Rabo”, como era carinhosamente conhecido, se tornou parte do chão e da memória de Brasiléia.

Seu legado não cabe em títulos não entregues, mas está vivo nos ramais por onde passou, nas máquinas que organizou, nas histórias que deixou, e no amor dos seus cinco filhos, e pela sua esposa que continuam suas raízes por aqui. Esta é a sua homenagem, Jorge. Tardia, talvez. Mas sincera, justa e eterna.

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