Dólar: Por que a moeda americana é referência mundial há mais de 80 anos

Mesmo com críticas recentes, como as feitas pelo presidente Lula, o dólar segue como a moeda central do comércio e das reservas internacionais.

O dólar americano é, sem dúvidas, a moeda mais poderosa e influente do planeta. Muito além do patriotismo dos Estados Unidos, sua força vem da confiança global construída ao longo de décadas, e é por isso que se tornou, na prática, a principal referência monetária mundial.

Em um mundo com mais de 180 moedas nacionais, muitas delas praticamente desconhecidas da maioria da população global, é o dólar que cumpre o papel de fio condutor nas relações econômicas internacionais. Você sabe quanto vale o real frente ao dinar tunisiano? Ou ao baht tailandês? Provavelmente não. Mas a cotação do dólar, essa você vê diariamente nos noticiários, portais de economia e até nos aplicativos de celular.

Essa familiaridade não acontece por acaso. O dólar é usado para comparar preços, investimentos e medir o valor real de bens e serviços ao redor do planeta. Uma simples compra no exterior ilustra bem essa realidade: se alguém diz que pagou 10 dólares em uma camisa, essa informação imediatamente faz sentido para qualquer brasileiro, peruano, argentino ou japonês. Agora, se o preço for em “56 mil Yens”, a primeira reação será procurar a conversão, e a conversão será para o dólar, e não diretamente para o real.

A posição do dólar como moeda de referência é tamanha que mesmo países economicamente poderosos como a China, a Índia ou blocos como a União Europeia não contestam sua liderança. Mesmo o euro, com toda a sua força regional, não conseguiu substituir o dólar no papel global.

O Brasil, por sua vez, tem um histórico de moedas frágeis e instáveis. Passamos por Cruzeiro, Cruzado, Cruzado Novo, Cruzeiro Real, até finalmente chegar ao Real, que tem pouco mais de 30 anos de existência. Essa juventude e o histórico de instabilidade fazem com que, fora do país, o real praticamente não tenha força de troca, algo muito diferente do que ocorre com o dólar, que é aceito ou facilmente trocado em praticamente qualquer canto do mundo.

Diante dessa realidade, declarações do presidente Lula questionando o papel do dólar no comércio internacional chamaram a atenção. Durante encontros do BRICS, Lula defendeu a criação de uma nova moeda de referência e criticou a dependência global do dólar, perguntando: “Por que que eu sou obrigado a ficar à mercê do dólar?”

A proposta, embora vista como um posicionamento político relevante no cenário multipolar que se desenha, esbarra em uma questão prática: a confiança. O dólar é aceito, conversível e estável. É, inclusive, a moeda preferida do próprio Banco Central do Brasil, que mantém cerca de 80% das reservas internacionais convertidas em dólar.

Enquanto muitas moedas nacionais só têm valor dentro de suas fronteiras, o dólar representa liberdade e segurança financeira internacional. É a moeda que garante que, com “Dólar no bolso” como diz o jargão, você possa sobreviver em qualquer país do mundo.

O debate sobre alternativas é válido, mas, por enquanto, o dólar continua sendo incomparável. Não apenas pela força dos Estados Unidos, mas porque o mundo inteiro, na prática, ainda confia nele.

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