‘Padilha vai ficar muito tempo, só de teimosia’, diz Lula depois de críticas de Lira

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Ministro foi chamado de ‘incompetente’ por presidente da Câmara; petista fala em ‘fase de cobranças’

presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou nesta sexta-feira (12) o trabalho do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, à frente da pasta, responsável pela articulação política do Executivo com o Congresso Nacional. Padilha foi criticado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), nessa quinta (11). Lira afirmou que o ministro é um “desafeto pessoal” e “incompetente”.

“Quero agradecer o companheiro Padilha, que está em um cargo que parece ser o melhor do mundo nos primeiros seis meses e depois começa a ser um cargo muito difícil. É como um casamento, nos primeiros seis meses é tudo maravilhoso, não sabe os defeitos da companheira, porque a gente está se conhecendo. Mas aí chega um momento que começa a cobrar. Padilha está na fase da cobrança. É o tipo de ministério que a gente troca a cada seis meses, para que o novo faça novas promessas. Mas, só de teimosia, Padilha vai ficar muito tempo, porque não tem ninguém melhor preparado para lidar com a diversidade do Congresso. A gente deixa de ser unanimidade quando a gente começa a ter divergências, mas a vida é assim. Quero dizer do meu reconhecimento pelo trabalho que você faz, que é muito difícil”, declarou Lula, durante inauguração da nova sede da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), em São Paulo (SP).

Além de Padilha, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) estavam no evento. Antes de elogiar o titular das Relações Institucionais, no entanto, Lula exaltou o trabalho de articulação política de Haddad com o Congresso Nacional para aprovar a reforma tributária, em dezembro de 2023.

“Haddad é uma daquelas pessoas que faz diferença no nosso governo. Ele tem muita paciência. Nunca conheci um ministro da Fazenda que tivesse tanta disposição para conversar com o Congresso como Haddad, que conversa até 2h, 3h da manhã. Fazer uma reforma tributária quando o partido do presidente só tem 70 deputados, e todos nós [base aliada do governo] juntos só temos 12 senadores, vocês vão descobrir que é um verdadeiro milagre. Haddad merece homenagem”, elogiou Lula.

O presidente também pediu que o setor automotivo retome o Salão do Automóvel, cuja última edição ocorreu em 2018. O petista destacou, ainda, a intenção de fazer com que o Brasil volte a ser a sexta maior economia do mundo. No fim do ano passado, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), o país era a nona economia global. ”A gente não quer um país de gente que só ganha salário mínimo e gente que vive só do Bolsa Família”, afirmou Lula, ao ressaltar que deseja concluir o acordo entre Mercosul e União Europeia, em discussão desde 1999.

Lira X Padilha

Lira acusou Padilha de plantar informações falsas para tentar interferir no Legislativo. A declaração ocorreu em visita à Exposição Agropecuária de Londrina (PR). “É lamentável que integrantes do governo, interessados na estabilidade da relação harmônica entre os poderes, fiquem plantando essas mentiras, notícias falsas que incomodam o parlamento. E depois, quando o parlamento reage, acham ruim”, criticou.

Em resposta, Padilha afirmou que não “vai descer a esse nível” e que não guarda “nenhum tipo de rancor” contra Lira. “Eu sou filho de uma alagoana, arretada, que sempre disse: ‘Meu filho, se um não quer, dois não brigam’. Eu aprendi a fazer política com o presidente Lula, com civilidade. Eu vejo a relação do governo, do Executivo, com o Congresso Nacional, como uma dupla de sucesso que nós fizemos no ano passado. Queremos repetir esse sucesso. Não tenho nenhum tipo de rancor”, afirmou Padilha, em evento no Rio de Janeiro.

“Eu vou seguir com o meu trabalho, alimentando essa dupla de sucesso, governo e Congresso, alimentando esses resultados. Não vou desviar meu foco de forma nenhuma, e temos muito a fazer pelo país. Eu tenho alegria de ser ministro da articulação política pela segunda vez do governo do presidente Lula. Convivo diretamente com os parlamentares, e o que eu sinto ali é uma disposição de todos os líderes, da base e da oposição, que a gente se concentre na agenda do país”, completou.

Lira rompeu com Padilha e não tem falado com o ministro desde o fim do ano passado. Ele tem expressado críticas à comunicação entre o governo e o Congresso para parlamentares próximos. Ao R7, a assessoria de imprensa de Padilha informou que não vai se posicionar sobre a fala do presidente da Câmara.

O comentário foi em resposta ao questionamento sobre o resultado da manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), na noite de quarta-feira (10). O parlamentar é suspeito de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018.

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