Barroso vota para manter Moraes como relator do processo de suposta tentativa de golpe

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Segundo a defesa, Moraes não poderia atuar no processo por ter interesse na causa, já que se considera também uma vítima

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, votou para manter o ministro Alexandre de Moraes como relator do inquérito que apura a suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil. O pedido de afastamento do ministro foi apresentado pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo a defesa, Moraes não poderia atuar no processo por ter interesse na causa, já que se considera também uma vítima. O suposto plano de golpe envolvia uma tentativa de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do próprio Moraes. O ministro Edson Fachin seguiu o entendimento do atual presidente da Corte.

“A simples alegação de que o Min. Alexandre de Moraes seria vítima dos delitos em apuração não conduz ao automático impedimento de Sua Excelência para a relatoria da causa, até mesmo porque os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e de tentativa de golpe de estado têm como sujeito passivo toda a coletividade”, disse o magistrado no voto. Para o Barroso, a tese defendida pela defesa poderia significar que “todos os órgãos do Poder Judiciário estariam impedidos de apurar esse tipo de criminalidade”. O ministro Alexandre de Moraes se declarou impedido de participar da ação que avalia o pedido do ex-presidente.

Entenda

Bolsonaro e mais 36 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal no fim de novembro por abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa. Segundo as investigações, o ex-presidente teria conhecimento do plano para assassinar Lula, Alckmin e Moraes, e assim impedir que a chapa eleita tomasse posse após as eleições de 2022.

“O próprio ministro, em diversas manifestações nos aludidos autos, reconhece expressamente que teria sido alvo de um “plano” cujas finalidades incluiriam até mesmo a sua morte, o que o coloca em uma posição de suposta vítima direta dos fatos em apuração em petições sob a relatoria dele”, diz o pedido feito pelos advogados do ex-presidente.

O inquérito da tentativa de golpe ainda está em análise na PGR (Procuradoria-Geral da República). O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pode pedir mais diligências, arquivar ou apresentar uma denúncia ao STF. Caso a última opção ocorra, o processo será encaminhado ao Supremo. Se a corte aceitar as denúncias, os investigados se tornarão réus.

Negativa anterior

Esta é a segunda vez que os advogados de Bolsonaro tentam impedir Moraes de atuar nas investigações. O primeiro pedido foi negado pelo presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, relator da ação.

Segundo o ministro, “não houve clara demonstração de qualquer das causas justificadoras de impedimento, previstas, taxativamente, na legislação de regência”.

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