A 16ª legislatura da Câmara de Brasiléia inicia com um cenário misto de continuidade e renovação. Enquanto figuras experientes como Marquinhos Tibúrcio, com quatro mandatos, e Reinaldo Gadelha, agora em seu terceiro, reafirmam sua presença no palco político da cidade, uma nova geração de vereadores assume seus postos. Essa junção de veteranos e novatos coloca em xeque o futuro da política local, levantando questionamentos sobre os riscos dessa configuração para o desenvolvimento democrático e a gestão pública de Brasiléia.
A Perpetuação do Poder: A Influência dos “Macacos Velhos”
A presença de vereadores veteranos é, em muitos casos, um reflexo da tradição política. O argumento de que a experiência adquirida ao longo dos anos proporciona uma gestão mais eficaz e uma compreensão profunda das necessidades da cidade é frequentemente levantado. No entanto, o que se observa é um certo distanciamento das necessidades da população jovem e das novas demandas sociais, que podem ser ignoradas ou minimizadas por aqueles que já estão há muito tempo no poder.
A perpetuação de figuras como Marquinhos Tibúrcio e Reinaldo Gadelha, e ainda o vereador Leonir em seu segundo mandato, já se encaixa perfeitamente no termo acima citado, pode criar uma espécie de “sistema fechado” onde as mesmas ideias e práticas políticas se repetem, dificultando a inovação e a adaptação às mudanças rápidas da sociedade. Além disso, o risco de conchavos e acordos políticos que beneficiam interesses próprios e partidários, em detrimento dos reais anseios da população, é uma preocupação constante quando se trata de figuras que têm uma longa trajetória no poder.
Apesar do vereador Reinaldo não fazer parte do grupo politico do atual prefeito Carlinhos do Pelado, todos gostam de se lambuzar nas regalias do cargo.
Os Novos Vereadores: Jovens ou Influenciáveis?
Por outro lado, a chegada de novos vereadores traz uma promessa de renovação e frescor à política local, como Djailson Américo, Lucélia Borges, Careca Gadelha, Almir Andrade e outros. Muitos deles, em sua maioria jovens, se apresentam como representantes de uma nova geração que busca romper com as práticas políticas antigas. No entanto, o grande desafio para esses novatos é a influência que os veteranos exercem sobre eles, o que pode resultar em uma assimilação dos velhos métodos políticos, em vez de promover a mudança tão almejada.
Os jovens vereadores, muitas vezes sem a mesma bagagem política, podem ser facilmente influenciados por práticas que privilegiam a manutenção do poder, como a troca de favores e alianças estratégicas. A falta de experiência pode ser uma faca de dois gumes: se, por um lado, eles têm a capacidade de trazer novas ideias e visões, por outro, o risco de se tornarem reféns das lógicas de poder dos veteranos é real.
A Necessidade de Equilíbrio: Renovação Sem Riscos de Retrocesso
O grande desafio da 16ª legislatura será, portanto, encontrar o equilíbrio entre a experiência dos veteranos e a inovação dos novatos. É fundamental que os novos vereadores, mesmo diante das pressões e das influências políticas, mantenham a autonomia para implementar políticas que realmente atendam às necessidades da população, sem cair nas armadilhas da política tradicional. Ao mesmo tempo, os veteranos têm a responsabilidade de usar sua experiência para promover o diálogo e a colaboração, e não a perpetuação de práticas que podem ser nocivas à democracia e à gestão pública.
Em um momento de grandes desafios para Brasiléia, com questões urbanísticas, sociais e de segurança, a Câmara precisa ser mais do que uma simples arena de interesses partidários. Ela deve ser um espaço de transformação, onde tanto os novatos quanto os veteranos possam contribuir para o futuro da cidade, sem que a política se torne um jogo de manutenção de poder.
O risco de um retrocesso é grande, mas também o potencial de mudança. A 15ª legislatura tem, portanto, a responsabilidade histórica de mostrar que a política pode ser, sim, uma ferramenta de transformação, mesmo que, em muitos momentos, ela precise desafiar as convenções do passado.