Venezuela chama Brasil para posse de Maduro, mas não envia convite ao presidente Lula

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Ditador será reconduzido em cerimônia na sexta (10); embaixadora em Caracas deve representar Brasil

A Venezuela convidou o Brasil para a posse do ditador Nicolás Maduro, mas o documento não foi enviado especificamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo fontes ouvidas pela RECORD, o convite foi recebido nesta terça-feira (7) — a cerimônia de posse em Caracas está marcada para sexta-feira (10). O texto chama o corpo diplomático brasileiro para o evento, e a tendência é que a embaixadora do Brasil em Caracas, Gilvânia Maria de Oliveira, compareça. No entanto, o convite ainda está em análise.

Maduro e Lula enfrentam período de afastamento — o último encontro dos dois foi em março do ano passado, na 8ª Cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), em São Vicente e Granadinas. O estranhamento começou depois da eleição venezuelana de julho de 2024, quando o ditador alega ter derrotado o candidato da oposição, o liberal Edmundo González.

Maduro, no entanto, não apresentou as atas eleitorais, que contêm as informações sobre as urnas de cada seção de voto. Sem os dados, o Brasil não reconheceu nem refutou a suposta reeleição do ditador. Devido ao clima entre os dois políticos, Lula já tinha decidido não ir à posse, mesmo antes do convite ser recebido pelo Brasil.

Nos bastidores, o presidente marcou posição de não ir ao evento. O assessor do petista para assuntos internacionais, Celso Amorim, que atuou em mediações durante as eleições venezuelanas, também não deve comparecer.

Pouco antes do pleito venezuelano, Lula criticou a fala de Maduro ao ameaçar um “banho de sangue” e pediu respeito à democracia. Na sequência, o venezuelano, sem citar o brasileiro, indagou como o resultado não seria respeitado, se iria vencer.

A vitória do ditador foi confirmada com a apuração dos votos e pelo Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, sob críticas da oposição de falta de transparência. Partidos contrários a Maduro apontaram interferência em candidaturas e rejeitaram a vitória do presidente. Apesar das posições, Maduro seguirá no comando do país por mais seis anos. Ele está no cargo desde 2013.

Relações estremecidas

Em novembro do ano passado, em meio às tensões entre Brasil e Venezuela, a Polícia Nacional Bolivariana, comandada pelo regime de Maduro, publicou uma imagem com a silhueta de Lula, a bandeira do Brasil e a seguinte frase: “Quem mexe com a Venezuela, se dá mal”. Apesar de não mencionar o petista diretamente, a publicação foi apagada.

Mesmo sem reconhecer nem refutar a vitória do ditador, Lula chegou a dizer, poucos dias depois do pleito venezuelano, que não há nada “grave” nem “anormal” no processo eleitoral venezuelano. O brasileiro cobrou publicamente, no entanto, a divulgação das atas eleitorais.

“Tem uma briga, como que vai resolver essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com recurso e vai esperar na Justiça tomar o processo, e aí vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar. Eu estou convencido de que é um processo normal, tranquilo. O que precisa é que as pessoas que não concordam tem o direito de se expressar e provar que não concordam e o governo tem o direito de provar que está certo. Na hora que tiver apresentado as atas e for consagrada que a ata é verdadeira, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral na Venezuela”, defendeu Lula, à época.

Posição de outros países

No sábado (4), o presidente da Argentina, Javier Milei, reuniu-se com Edmundo González e engrossou a lista de países contrários à posse de Maduro. A visita do opositor ocorreu em meio ao acirramento da tensão entre Argentina e Venezuela.

No início de dezembro, o governo chavista prendeu um policial argentino que tentou ingressar na Venezuela por terra, por meio da Colômbia. O ministro do Interior venezuelano, Diosdado Cabello, informou, na ocasião, que o policial integrava um complô contra Maduro.

A Argentina chamou o caso de “sequestro” e exigiu a libertação imediata do agente de segurança. “Liberte Nahuel Gallo ou enfrente as consequências”, declarou a ministra da Segurança Pública da Argentina, Patricia Bullrich.

González está asilado na Espanha, após deixar a Venezuela às pressas para não ser preso. Perseguido pela ditadura de Maduro, ele tem a cabeça a prêmio por US$ 100 mil para quem ajudar a detê-lo. Depois da Argentina, o político venezuelano vai ao Uruguai para se encontrar com o presidente do país, Luis Lacalle Pou.

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