A atual legislatura da Câmara Municipal de Brasiléia é marcada por uma base governista sólida. Dos 11 vereadores eleitos, nove integram a base de sustentação do prefeito Carlinhos do Pelado, eleito com uma proposta de renovação e compromisso com a zona urbana e rural do município. Em tese, restam dois nomes que exercem o papel de oposição: o vereador Beto, do Partido dos Trabalhadores (PT), e Reinaldo Gadelha, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Ambos vêm se posicionando de forma equilibrada, fazendo oposição com parcimônia, baseada no diálogo e em críticas pontuais — um estilo que tende a preservar a governabilidade sem abrir mão da fiscalização.
No entanto, como é comum na política, há sempre figuras que optam por trilhar caminhos próprios, muitas vezes buscando destaque fora dos moldes tradicionais. É o caso da vereadora Izabelle Araújo, que vem chamando atenção não apenas pelo conteúdo de suas indicações e denúncias, mas também pela forma como conduz sua atuação política — geralmente por meio das redes sociais, com postagens que nem sempre encontram ressonância imediata na comunidade local.
Embora o ativismo político digital encontre terreno fértil em grandes centros urbanos, onde a pulverização de opiniões favorece esse tipo de abordagem, em cidades como Brasiléia — com pouco mais de 30 mil habitantes — a política ainda caminha a passos mais tradicionais. O vereador popular costuma ser aquele que visita bairros, ouve a população, participa das celebrações comunitárias e é lembrado nas rodas de conversa como alguém próximo e acessível.
O que se observa, portanto, é um possível descompasso entre a forma e o tempo da política local e as estratégias de projeção individual. A vereadora Izabelle, que já integrou — ou talvez ainda integre — o mesmo grupo político do qual agora busca se diferenciar, aposta em um modelo que, embora moderno em aparência, ainda encontra resistência entre os eleitores mais tradicionais de Brasiléia.
A história política do município mostra que os líderes mais bem-sucedidos foram aqueles que construíram suas trajetórias degrau por degrau, solidificando alianças e expandindo sua base com paciência e estratégia. A política local tem memória longa, e decisões precipitadas — ainda que movidas por boas intenções — podem minar projetos de longo prazo.
A pergunta que paira sobre o cenário político de Brasiléia é: o município está preparado para uma ruptura no modo de fazer política, ou a tradição ainda será o alicerce para a escolha das futuras lideranças?