Produtores rurais do Acre realizaram um protesto na manhã desta terça-feira, 1º de julho, em frente à Assembleia Legislativa do Estado (Aleac), em Rio Branco. O ato, organizado por associações da zona rural, incluindo representantes da região da Transacreana, teve como objetivo denunciar o que classificam como ações abusivas de órgãos ambientais federais, como o Ibama e o ICMBio.
Em entrevista ao AC24Horas Play, José Augusto, presidente da Associação dos Produtores Rurais da Transacreana, expressou o sentimento de abandono por parte das autoridades e a percepção de perseguição por parte dos órgãos fiscalizadores. Ele revelou que uma audiência pública previamente agendada para discutir a situação dos produtores não pôde ser realizada devido à ausência de representantes federais.
“Hoje tínhamos uma audiência pública aqui na Assembleia Legislativa, que tinha sido marcada na outra vinda nossa, pelo presidente, mas hoje não foi possível. Não conseguiram mobilizar deputados federais, senadores, Ministério Público Federal, Ibama, ICMBio para que pudessem estar com a gente aqui nessa conversa. E a coisa é séria”, alertou José Augusto.
O líder rural relatou que muitos produtores estão sofrendo com embargos, multas e apreensões de bens, situações que consideram inaceitáveis. “Muitos embargos, muitas notificações, produtores rurais perdendo seus bens, e nós não podemos aceitar isso. Nós somos os homens e as mulheres que cuidam do campo, que colocam o pão na mesa das pessoas. E nós estamos sendo perseguidos pelos órgãos públicos ambientais”, enfatizou.
José Augusto ressaltou ainda a importância vital da produção rural para a economia acreana. “Nós somos responsáveis por 28% do que se produz nesse estado de PIB. Só de Prodes, tem mais de 24 mil no estado. Se a propriedade não pode tirar crédito, não pode vender, não pode comprar, o produtor rural está falido”, pontuou.
Uma das principais denúncias apresentadas pelos produtores é a prática dos órgãos ambientais de aplicar penalidades com base em imagens de satélite, sem a devida verificação presencial nas propriedades. “Estão notificando os produtores rurais da Amazônia, do Acre, lá de Brasília. Eles estão usando um sistema que têm, via satélite, identifica uma área aberta, não sabem, muitos deles têm CAR, outros não têm, e estão notificando de lá”, explicou o presidente da associação.
Em contrapartida, José Augusto defendeu que as autuações sejam feitas de forma pessoal, com a visita dos fiscais ao local e a assinatura do produtor na notificação, garantindo total conhecimento do teor do documento.
Ao final de sua fala, o líder rural fez um apelo por diálogo e entendimento. “Queremos fazer um grande acordo com o Ministério Público, com os órgãos ambientais, com o Governo do Estado presente, porque precisamos do Governo nesse momento. Para a gente poder voltar a ter paz no campo, produzir, e poder comercializar os nossos produtos”, concluiu, reforçando a busca por soluções que permitam a convivência harmoniosa entre produção e preservação ambiental.
Fonte: AC24Horas / Foto: Sérgio Vale