POR REGINALDO GUERRA DA SILVA
Em mais uma jogada de marketing desastrada, presidente usa a própria neta para tentar explicar geopolítica — e vira motivo de chacota nas redes e vergonha para o Brasil
Em mais um capítulo do enredo tragicômico da política nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu descer mais um degrau na escala da responsabilidade institucional. Não bastasse o desastre contínuo na condução da política externa brasileira, agora resolveu convocar a própria neta para estrelar um vídeo “viral” nas redes sociais, um verdadeiro espetáculo de desinformação travestido de conteúdo educativo.
No vídeo, a jovem posa como especialista em política internacional, sem jamais ter demonstrado qualquer competência ou formação na área, e tenta, com ar professoral, explicar as tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Até aí, seria apenas mais um exemplo do velho populismo petista, que há tempos já troca a seriedade pelo espetáculo. O problema é que, ao fazer isso, expõe uma jovem sem preparo ao ridículo nacional e internacional, em um claro exemplo de oportunismo político.
A fala da neta do presidente é um festival de equívocos históricos e cronológicos que faria qualquer professor de história desmaiar de vergonha. Entre os absurdos ditos, está a afirmação de que os Estados Unidos exploram o Brasil “há mais de 500 anos”. Uma façanha impossível, já que a nação norte-americana só se tornou independente em 1776, ou seja, menos de 250 anos atrás. A conta não fecha, a lógica se perde, mas o discurso petista se mantém firme em sua velha fórmula: repetir erros com convicção e se fazer de vítima quando desmascarado.
O vídeo é o retrato de uma esquerda viciada em propaganda, em narrativas fabricadas, e em uma visão distorcida da realidade. A neta de Lula aparece como mais uma peça no tabuleiro de um partido que não hesita em usar jovens, símbolos e até falácias históricas para tentar manter viva a chama de um discurso anti-imperialista que já não convence nem os próprios militantes.
A tentativa de transformar uma questão complexa da diplomacia internacional em peça de marketing doméstico é, no mínimo, leviana. E ao envolver a neta, Lula insere uma figura jovem num jogo de adultos movido por interesses de poder, blindando-a com a velha tática: quem criticar, será acusado de atacar uma menina. Cínico? Sem dúvida. E profundamente covarde.
Aliás, usar a família como escudo político não é novidade para o atual presidente. Já usou o túmulo da ex-esposa em campanha, agora instrumentaliza a neta como se fosse marqueteira de palanque. O PT, como sempre, substitui a honestidade intelectual pelo slogan vazio e a responsabilidade pela teatralidade. No final, quem perde é o Brasil, mais uma vez transformado em palco de vexames diplomáticos e piadas ideológicas embaladas para viralizar no TikTok.
Enquanto líderes internacionais discutem com seriedade as relações comerciais globais, o Brasil de Lula tenta competir com vídeos de dancinha e narrativas de almanaque revolucionário, com direito a camiseta do Che Guevara e ataques genéricos ao “imperialismo”, sem nem saber ao certo do que estão falando.
O Brasil merece mais. E o presidente, definitivamente, precisa entender que governar um país não é o mesmo que dirigir um reality show de esquerda com roteiro escolar.