Protesto estudantil bloqueia ligação Acre–Bolívia após reajustes abusivos nas universidades

FONTE: JORNAL O ALTO ACRE

A manhã desta terça-feira (9) foi marcada por tensão na fronteira entre Brasil e Bolívia. Estudantes da Universidade Amazônica de Pando (UAP), em Cobija, interditaram a Ponte Internacional, principal acesso entre o Acre e o país vizinho, em reação ao que classificam como aumentos exorbitantes nas taxas de emissão de documentos acadêmicos.

De acordo com os manifestantes, alguns procedimentos tiveram reajustes superiores a 140%, provocando indignação e receio entre os universitários, especialmente os estrangeiros, que representam a maior parte dos matriculados. O bloqueio, embora parcial, suspendeu temporariamente o trânsito de veículos, atingindo comerciantes, trabalhadores transfronteiriços e moradores que dependem da travessia diária. A passagem de pedestres foi mantida, sendo organizada pelos próprios estudantes.

Reajustes repentinos e sem aviso revoltam universitários

Uma acadêmica de medicina contou que a comunidade estudantil começou a notar mudanças de valores ainda em julho, sem qualquer tipo de comunicado oficial da instituição. Segundo ela, documentos que custavam entre 14 e 180 bolivianos passaram a ser cobrados por valores que chegam a 33 e 500 bolivianos.

“Um documento que antes custava 180 bolivianos subiu para 500. Uma turma pagou 14 mil em determinado documento e, na semana seguinte, outro grupo precisou pagar 33 mil pelo mesmo serviço. Foi aí que percebemos que algo estava muito errado”, relatou.

A estudante afirmou ainda que os maiores aumentos recaem sobre alunos estrangeiros, principalmente brasileiros, enquanto os valores cobrados a bolivianos permaneceram praticamente inalterados. Preocupados com a falta de transparência, os universitários se organizaram, reuniram diversas turmas e contrataram uma advogada boliviana. O grupo também buscou apoio do consulado brasileiro e de representantes políticos do Acre.

Conforme relatos, o reitor e o vice-reitor argumentaram que os novos valores seriam consequência da cotação do dólar, supostamente usando como referência preços praticados por cambistas locais, e não a taxa oficial. Mesmo com documentos comparativos apresentados pelos estudantes, a administração da UAP sinalizou que não reduzirá os preços, e que, em 2026, os custos devem subir novamente.

Manifestação deve continuar até mudança de postura da universidade

Inconformados, os estudantes iniciaram o bloqueio da ponte. Eles garantem que o ato é pacífico e organizado, com escala de revezamento para manter o fluxo de pedestres e evitar tumultos.

“Muitos de nós vêm de famílias humildes, que se esforçaram a vida inteira para garantir o sonho de estudar medicina aqui. Agora, ninguém sabe como arcar com esses preços. Tem aluno que precisa iniciar o internato e está impedido porque o valor simplesmente triplicou”, desabafou uma manifestante.

Autoridades brasileiras acompanham a mobilização

O vice-prefeito de Epitaciolândia, Sérgio Mesquita, vereadores e agentes da Polícia Federal estiveram na ponte para acompanhar de perto a manifestação e oferecer apoio institucional aos estudantes.

A situação segue em desenvolvimento e novas informações poderão ser divulgadas a qualquer momento.

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