Brasiléia aparece entre as quatro cidades acreanas que estão entre as 10 mais poluídas do Brasil

Por Raimari Cardoso

A poluição atmosférica é uma das grandes preocupações das autoridades em saúde ao redor do mundo uma vez que a má qualidade do ar está diretamente relacionada a doenças não apenas respiratórias, mas também problemas cardiovasculares e cânceres, como o de pulmão.

É comum, quando se fala em poluição do ar no Brasil, que grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro sejam citadas como as mais problemáticas do país ou mesmo do mundo, em razão das enormes frotas de veículos automotores e indústrias que expelem na atmosfera todos os tipos de resíduos poluentes.

No entanto, dados disponibilizados na internet pelo IQ AirVisual, um grupo baseado na Suíça que coordena a maior plataforma global de informações sobre a qualidade do ar, essas capitais não atingem o primeiro lugar no ranking de municípios com o ar mais poluído do Brasil.

De acordo com o Relatório Mundial de Qualidade do Ar de 2022 do IQ AirVisual, que apresenta dados de qualidade do ar de 7.323 cidades em 131 países, regiões e territórios, a cidade com o ar mais poluído no Brasil é Acrelândia, no Acre, com pouco mais de 15 mil e 700 habitantes.

Por que cidades acreanas estão entre as mais poluídas do Brasil?

Para classificar os municípios mais poluídos, o relatório da IQ AirVisual utiliza a média anual de PM2.5 presentes no ar, que são medidos em unidades de microgramas por metro cúbico (μg/m3). A cidade de Acrelândia registrou uma média de 23,3 μg/m3 de PM2.5 em 2022.

De acordo com as diretrizes de qualidade do ar da OMS, a concentração segura das partículas no ar devem ser iguais ou inferiores à 5 μg/m3. Ou seja, a média anual de material particulado no ar de Acrelândia é quase cinco vezes o valor apontado pela OMS.

Por estar em região de bioma Amazônico, o relatório aponta a destruição de áreas de floresta, com desmatamento e queimadas, para transformação em pasto e outros usos da terra como os principais fatores para a poluição do ar.

A pesquisadora Sonaira Silva, do Campus Floresta da Universidade Federal do Acre (Ufac), diz que, mesmo sem ter tido conhecimento do estudo, uma possível explicação para Acrelândia aparecer nessa posição pode ser a proximidade com os municípios vizinhos do Amazonas e de Rondônia, que estão desmatando muito atualmente. “Provavelmente é por aí, não duvido”, disse.

Essa também pode ser a explicação para a qualidade do ar das cidades que seguem Acrelândia no ranking. Em segundo e terceiro lugar do relatório de 2022 da IQ estão, respectivamente, Porto Velho, a capital da Rondônia, com uma média anual de 20,2 μg/m3 de PM 2.5; e Senador Guiomard, também no Acre, cuja média anual de PM2.5 em 2022 foi de 18,7 μg/m3.

Chama a atenção que Rio Branco, Brasiléia e Feijó, outras três cidades acreanas estejam no topo desse ranking, com 18,2 μg/m3, 17,6 μg/m3 e 15,7 μg/m3, respectivamente. São Paulo e Rio de Janeiro aparecem na classificação em 20º e 30º lugar concomitantemente.

Com informações da Revista National Geographic Brasil.

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