A decisão da Justiça Eleitoral da 6ª Zona, em Brasileia, expôs um retrato preocupante da política em Assis Brasil. O prefeito reeleito Jerry Correia (PP), junto com dirigentes partidários e candidatas envolvidas em fraude à cota de gênero, foi declarado inelegível por oito anos. O caso, que também resultou na cassação de cinco vereadores, revela um padrão de desrespeito às regras democráticas e uma forma de enganar o eleitor sob o pretexto de “cumprir a lei”.
As investigações foram claras: candidaturas femininas fictícias, sem campanha real, sem votos significativos e com prestações de contas que mais levantaram suspeitas do que mostraram transparência. Exemplos não faltam. Uma candidata recebeu R$ 14,4 mil de dinheiro público e não passou de dois votos. Outra, com R$ 10 mil, também não ultrapassou a marca de dois eleitores. Ainda houve quem não gastasse nada e somasse apenas seis votos. É impossível chamar isso de disputa eleitoral séria.
Mesmo diante de provas robustas, o prefeito Jerry Correia preferiu minimizar o escândalo. Em vez de reconhecer a gravidade da decisão judicial, alegou tranquilidade e reduziu tudo a uma “candidata com poucos votos”. A fala revela a falta de compromisso com a ética política e a tentativa de tratar um crime eleitoral como algo irrelevante. Para quem deveria dar exemplo, soa como desprezo às regras do jogo democrático.
A sentença não atinge apenas indivíduos: anula os votos dos três partidos envolvidos e pode levar a novas eleições para a Câmara Municipal. Isso significa que toda a comunidade de Assis Brasil paga o preço pela irresponsabilidade de lideranças que insistem em distorcer a lei.
O caso deixa uma reflexão inevitável: até quando políticos eleitos vão continuar tratando fraudes eleitorais como meros detalhes? A Justiça deu um recado claro — mas, pelo discurso de Jerry Correia, ainda parece haver quem acredite que basta recorrer para escapar das consequências. Assis Brasil merece mais que desculpas esfarrapadas e candidatos “tranquilos” diante da própria inelegibilidade.