Por Reginaldo Guerra
FONTE: JORNAL O ALTO ACRE -ALEXANDRE LIMA
O que antes parecia um problema distante, restrito às grandes capitais como o Rio de Janeiro, hoje é uma triste e perigosa realidade também no interior do Acre. Em Brasiléia, uma família viveu momentos de puro terror ao ser ameaçada e expulsa de casa por integrantes de facções criminosas que disputam território na região de fronteira com a Bolívia. O episódio, ocorrido nesta segunda-feira (3), escancara a ousadia e o domínio que o crime organizado vem exercendo sobre comunidades inteiras e serve de alerta a quem ainda tenta justificar a brutalidade desses criminosos com o velho discurso de que são “vítimas da sociedade”.
De acordo com informações da Polícia Militar, o drama começou na semana passada, quando homens fortemente armados e vestidos como policiais invadiram a residência da família. O alvo seria um jovem morador, que por pouco não foi executado. Um dos criminosos teve a arma falhada durante a ação, e o patriarca, ao tentar proteger os filhos, acabou baleado na perna e no pé. Ferido e sem poder reagir, viu o grupo sair impune, deixando para trás apenas o pavor.
Mas o pesadelo não terminou ali. Dias depois, os mesmos criminosos enviaram recado claro: a família deveria abandonar a casa imediatamente — sob ameaça de morte. Sem alternativa, eles fugiram às pressas, deixando para trás todos os pertences. Parte dos bens, como uma geladeira e um fogão, foi levada pelos criminosos e posteriormente recuperada pela Polícia Militar, que prestou apoio e garantiu a restituição à família.
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil de Brasiléia, que trabalha para identificar e prender os envolvidos. Ainda assim, o episódio evidencia um cenário preocupante: a presença cada vez mais agressiva das facções na região de fronteira, que tem se tornado uma extensão do domínio do crime que já amedronta grandes cidades.
É lamentável perceber que muitos, inclusive formadores de opinião, insistem em enxergar esses criminosos como “vítimas das circunstâncias”. Mas quem invade lares, ameaça famílias inocentes e impõe o medo com armas nas mãos não é vítima, é bandido, e deve ser tratado como tal. O discurso de vitimização só fortalece quem vive da intimidação e da dor alheia.
O que acontece hoje em Brasiléia é o reflexo do que já se viu no Rio de Janeiro: o poder paralelo tomando conta de comunidades, substituindo o Estado pela lei da bala. E se a sociedade continuar fechando os olhos, logo não haverá mais refúgio seguro nem nas cidades pequenas do interior.
É hora de acordar. De parar de romantizar o crime e de cobrar das autoridades mais firmeza, presença e punição. Porque cada vez que alguém justifica o injustificável, o crime ganha terreno e famílias inocentes perdem o direito mais básico de todos: viver em paz.

