Por Wanglézio Braga – ACREMAIS
Uma operação realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) nesta semana resultou na destruição de um trator que estava sendo utilizado na construção de uma ponte para uma comunidade no km 59 da BR-317, na região de Brasileia. A denúncia veio do próprio tratorista, Júnior Pereira, durante uma visita à Câmara de Vereadores e em entrevista ao jornalista Fernando Oliveira.
Tratorista Relata Abuso
De acordo com Pereira, ele foi contratado para transportar a madeira necessária para a construção da ponte, mas ao ser informado sobre uma fiscalização do ICMBio, decidiu deixar o trator ligado e se afastar da área. Pouco depois, ele recebeu a notícia de que os agentes haviam danificado o equipamento.
“Eles furaram os quatro pneus, cortaram todas as mangueiras, retiraram a tampa do tanque de óleo, ligaram o motor até fundir e destruíram toda a madeira, tornando-a inutilizável para a obra. Sofremos um grande prejuízo”, declarou Pereira.
O trator, fabricado em 2008, ficou completamente danificado. Pereira, que utilizava a máquina para fretes, afirmou que nunca havia entrado na reserva ambiental. Ele procurou a Câmara de Vereadores de Brasileia para relatar o incidente e buscar apoio, já que o prejuízo estimado foi de R$ 50 mil. Durante a sessão legislativa da última terça-feira (25), o vereador Zemar Jerônimo usou a tribuna para criticar a ação do ICMBio, considerando-a arbitrária e ressaltando as dificuldades enfrentadas pelos moradores da Reserva Extrativista Chico Mendes. “Isso é um terror que os trabalhadores da Resex enfrentam diariamente. O que fizeram com o tratorista é inaceitável”, afirmou o vereador.
Após a repercussão do caso na mídia local e regional, o ICMBio de Brasiléia decidiu devolver algumas peças que teriam sido retiradas do trator de forma supostamente ilegal. Pereira também recebeu autorização para levar a máquina danificada a uma oficina.
O vereador Zemar Jerônimo anunciou que a Câmara de Brasileia fornecerá assistência jurídica a Pereira. Um advogado será designado para entrar com ações civis e criminais contra o ICMBio, buscando reparação pelo dano causado e responsabilização dos envolvidos na operação. O parlamentar também destacou que o ICMBio pode ter cometido crime ambiental ao despejar óleo na reserva e destruir madeira que seria utilizada na construção da ponte.
O Outro Lado
A redação do Portal Acre Mais tentou contato com representantes do ICMBio no Acre nesta quarta-feira (26), mas não obteve retorno. O espaço permanece aberto para a manifestação do órgão.