Karl Marx: entre a vida pessoal conturbada e a teoria que dividiu o mundo

POR REGINALDO GUERRA

Considerado um dos pensadores mais influentes da história moderna, Karl Marx construiu uma das teorias mais debatidas até hoje. No entanto, a sua vida pessoal esteve longe da imagem de ordem e racionalidade que muitos associam ao autor de O Capital e do Manifesto Comunista.

Filho de um advogado rico, Marx foi sustentado pela família durante toda a juventude e nunca precisou trabalhar para chegar à universidade. Casou-se com Jenny von Westphalen, filha de um nobre, e manteve ao longo da vida uma rotina boêmia, com gastos excessivos e constante instabilidade financeira.

Relatos biográficos apontam que, em sua casa, trabalhava uma governanta com quem teria tido uma filha, entregue para ser criada por uma família operária. Marx também foi preso por vadiagem e embriaguez, além de ser despejado de apartamentos por falta de pagamento de aluguel. Para escapar de credores, usava até nomes falsos.

Sua esposa chegou a vender objetos pessoais e até remendar as próprias roupas para conseguir garantir o mínimo de alimentação para a família. Dos sete filhos do casal, quatro morreram de fome na infância, enquanto duas filhas, já adultas, acabaram cometendo suicídio. A vida doméstica marcada por tragédias contrastava com o esforço do pensador em elaborar uma teoria que pretendia transformar a sociedade.

Expulso da Prússia, da França e rejeitado pela Bélgica, Marx encontrou refúgio na Inglaterra, onde viveu de empréstimos, principalmente do amigo e colaborador Friedrich Engels. Sofria de edemas constantes e, segundo biógrafos, tinha sérios problemas de higiene pessoal.

Um detalhe curioso apontado por estudiosos é que, apesar de ter dedicado sua obra à classe trabalhadora, Marx jamais teria visitado uma fábrica por dentro.

A ironia histórica, segundo críticos, é que quando Marx morreu no final do século XIX, a Inglaterra já havia triplicado a sua renda média em relação ao período de seu nascimento, em 1818, resultado do desenvolvimento capitalista e da Revolução Industrial, sem adotar os conceitos defendidos pelo filósofo alemão.

Para seus admiradores, Marx é um gênio visionário que inspirou movimentos sociais em todo o mundo. Para seus críticos, é o autor da “mais equivocada teoria econômica já formulada”. O fato é que, mesmo mais de 140 anos após sua morte, seu legado continua sendo motivo de intensos debates e divisões.

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